A relação entre cannabis e TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) é um tema ainda pouco compreendido e cercado de controvérsias. Atualmente, não há consenso na comunidade médica e científica sobre o uso da cannabis como tratamento para o TDAH, e a maioria das evidências disponíveis é inconclusiva, limitada ou baseada em relatos anedóticos.
Pontos a Considerar
- Efeito na Atenção e Impulsividade:
Enquanto alguns indivíduos relatam melhora na capacidade de foco e redução da ansiedade ao usar cannabis, outros podem experimentar piora na atenção, aumento da desmotivação, letargia ou até intensificação da desorganização. Isso varia muito de pessoa para pessoa e depende da frequência de uso, da dose, do tipo de cannabis (teor de THC, CBD e outros canabinoides) e da vulnerabilidade individual. - Evidências Científicas Limitadas:
Há poucos estudos clínicos controlados de alta qualidade que avaliem a eficácia e segurança da cannabis no TDAH. A maior parte dos dados vem de relatos pessoais, estudos observacionais ou pesquisas com desenho limitado. Além disso, muitos estudos se concentram principalmente no uso recreativo ou não controlado da cannabis, tornando difícil tirar conclusões seguras sobre o potencial terapêutico. - Riscos e Potenciais Efeitos Adversos:
O uso regular de cannabis, sobretudo com alto teor de THC, pode estar associado a efeitos negativos, como prejuízos cognitivos (memória, atenção, função executiva), potencial de dependência, agravamento de quadros ansiosos ou depressivos e, em indivíduos mais jovens, impacto no desenvolvimento cerebral. - CBD (Canabidiol) vs. THC: Alguns estudos preliminares investigam o potencial do canabidiol (CBD), um canabinoide não psicoativo da cannabis, no tratamento de transtornos de ansiedade ou epilepsia. Há interesse em avaliar se o CBD poderia ter algum papel no TDAH, devido às suas propriedades ansiolíticas e anti-inflamatórias, mas até o momento as evidências são insuficientes para qualquer recomendação.
Orientação Profissional
Devido à falta de consenso e evidências robustas, o uso de cannabis para o tratamento do TDAH não é atualmente recomendado como terapia padrão. Caso um indivíduo com TDAH considere o uso de cannabis (medicinal ou recreativa), é fundamental conversar com um profissional de saúde, como um médico ou psiquiatra, para avaliar riscos, possíveis benefícios e alternativas terapêuticas mais bem estabelecidas, como medicamentos aprovados para o TDAH, psicoterapia, intervenções comportamentais, e ajustes no estilo de vida.
Em resumo, a relação entre cannabis e TDAH é incerta e carece de mais pesquisas de qualidade. Até que haja evidências científicas sólidas e diretrizes claras, o uso da cannabis para manejar sintomas de TDAH deve ser abordado com cautela e sob orientação médica.